sexta-feira, 8 de abril de 2011

Reunião Pedagógica



No dia 28 de março, nossas professoras estiveram reunidas para um estudo pedagógico com a supervisora Jaqueline Marazo Silva Duarte. Os assuntos tratados forma os mais variados: momento literário, texto reflexivo, entrega do planejamento anual e outros estudos envolvendo o desenvolvimento global da criança e a importância da educação física no desenvolvimento do aluno na educação infantil.A reunião foi um sucesso!

Segue abaixo um dos textos trabalhados .


* um modo diferente de contar uma conhecida fábula

Chapeuzinho vermelho e o lobo

A fábula

- Pois é! Estava eu em minha casa, pois como sabem a mata é a única casa que tenho, quando vi uma menina branquela e com horroroso chapeuzinho vermelho caminhando com displicência e levando sacola debaixo do braço. Pensei: “Puxa, bem que será capaz de atirar copos e garrafas plásticas sem cuidado na minha mata e é meu dever adverti-la para que tenha, cuidado e respeito ao meio ambiente”. E assim pensando, dirigi-me à garota. Esta, entretanto, ao ver-me, gritou horrorizada:
- Meu Deus! Meu Deus! Um terrível lobo. – E, em desespero, nem deu tempo para explicação. Saiu correndo em disparada.
Fiquei sinceramente ofendido, magoado mesmo, mas refleti: É ainda uma criança, nada sabe sobre a beleza animal e de nada adiantarão meus ecológicos conselhos. Deduzindo que por certo iria até a casa da velhota lá perto do riacho, cortei caminho e me antecipei, tentando argumentar com sua avó adulta. Foi inútil. Esta, ao ver-me, gritou com igual horror e já avançando sobre a espingarda, quando em último recurso tive que devorá-la. Aí pensei: “Se a garota e me encontra em meus trajes habituais, por certo vai continuar a me ofender e não me dará ouvidos”. Foi por esse motivo que, depressa, vesti as roupas da velha e me cobri, deitado em sua cama.
Pois não é que a menina, assim que me viu e pensou ser a avó, continuou sua sessão de ofensas e desmoralizações! Foi logo dizendo:
- Meu Deus, vovó, como seus olhos estão horrorosos...
Essa dura crítica mexeu com minha auto-estima e ofendeu-me até a última gota de sangue. Sei que não tenho os olhos de Brad Pitt, mas ainda assim lutei contra a revolta e com doçura argumentei:
- São para melhor enxergá-la, meu amor...
Foi inútil essa demonstração de afeto. A garotinha continuou a escandalizar meus ouvidos, minha respiração, meus sentimentos, até o limite máximo da tolerância, quando esmagado por tantas ofensas devorei-a também.
O final da história vocês conhecem... Veio o caçador, abriu-me a barriga, salvando chapeuzinho e a avó e aqui largando-me ensangüentado e à morte. Tudo em nome da ecologia! Não é um absurdo?

Fim

Em busca de uma contextualização em nosso cotidiano escolar

A história relatada não é certamente, a mais difundida versão sobre Chapeuzinho vermelho e o Lobo Mau. Constitui, ao contrário, a mesma história, agora entretanto contada a partir do ponto de vista do lobo. É uma velha história, sob novo ângulo; conto antigo em diferente versão. Nesta, ao menos o lobo teve direito ao se relato. Convincente ou não, apresentou os argumentos em sua defesa.
Qual delas é mais agradável? Qual o objetivo de apresentar esta nova versão?
Qual a mais agradável não importa. Cada leitor terá sua legítima opinião e sobre ela não há por que se insurgir. Já o objetivo de sua apresentação interessa-nos a todos. Simboliza a vontade de dizer que inadiável competência a ser passada aos alunos é considerar-se sempre os dois lados de um fato, o verso e o reverso, o avesso do avesso... Assim trabalhando, talvez possamos ensiná-los a perceber que toda narrativa possui sempre enfoques múltiplos e que uma versão única e exclusiva pode, no mínimo, ser falaciosa.

Será muito difícil esse trabalho?

Não representará omissão irresponsável por parte da equipe docente de uma escola mostrar apenas um dos lados dos fatos? Uma única versão dos acontecimentos? Não existirá nos jornais escritos ou falados uma manipulação de idéias? Uma versão exclusivista, que impede a reflexão, que tolhe a crítica?
Não seria essencial fazer da sala de aula o espaço para se perceber a ambigüidade dos fatos e a falência de visão única e restrita? Se não é essa a missão de educadores, de quem será então?

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